O Terra procurou alguns atletas que já estão há oito meses sem receber a Bolsa-Atleta por mudanças na Lei Pelé. Praticantes das modalidades Não Olímpicas, como karatê, esqui aquático, squash, patinação e boliche (conquistaram 12 medalhas em 2007 no Rio) sofrem sem o dinheiro que serve de preparação e auxílio para treinamentos e competições. Beisebol e Softbol não estarão no Pan e foram excluídos do calendário olímpico pelo COI.
Marcelo Suartz contava com a Bolsa-Atleta para seguir treinando boliche na Webber International University, na Flórida. Aluno de marketing, ele foi eleito o Jogador do Ano - melhor do boliche entre as mais de 120 universidades americanas.
"A Wada (Associação Mundial de Boliche) pediu para que o boliche no Pan tivesse a participação de profissionais, pela primeira vez na história. O objetivo é conseguir ter a modalidade nas Olimpíadas. Por isso, resolvi investir na melhor universidade com equipe de boliche, referência mundial. Hoje divido meu tempo com o estudo, os treinos puxados e, sem a Bolsa, trabalho numa academia e faço estágio. Queria me dedicar mais", disse, ao completar.
"Sempre utilizei este recurso para chegar ao máximo nas competições defendendo o Brasil. O pagamento sempre vem atrasado, picado, mas este ano não recebi", contou o jogador. O boliche obteve sua primeira medalha em Pan no Rio, prata, com Fábio Rezende e Rodrigo Hermes, que desistiram do esporte por falta de incentivos.
Julia Balthazar, que irá representar o Brasil na patinação, também confirmou as dificuldades sem a Bolsa Internacional: R$ 1.850 mensais. "Estamos sem notícias. Nossa confederação tem pouco apoio. É complicado. Só por amor mesmo", disse.
No squash, Rafael Alarcon treina para seu terceiro Pan. Prata em Santo Domingo (2003) e bronze no Rio (2007), ele vai além. "É meu sonho defender o Brasil, visto a camisa com orgulho. Neste ano, fomos surpreendidos. Participo de etapas de circuito mundial e torneios fora do país. O gasto é enorme. E a pressão por resultados também. Com certeza este dinheiro virá. Será um cala-boca perto do Pan, quando receberemos uma cartilha do COB com instruções para não dar entrevistas sobre certos assuntos. Se falarmos, somos excluídos. Para quem nunca foi para um Pan e sonha em estar em Guadalajara, não vai influenciar em nada nas competições", alertou.
Segundo o Ministério do Esporte, o Programa é um auxílio. Não tem como objetivo manter atletas. Tanto que, atualmente, os bolsistas foram liberados e podem ter patrocínios para integrar a lista dos contemplados. A lei também garante prioridade às modalidades olímpicas e paraolímpicas.
Os nomes dos atletas serão divulgados nos próximos dias no Diário Oficial da União. Depois, os atletas inscritos terão 30 dias para enviar o Termo de Adesão, comprovando os resultados. O pagamento será feito retroativo, de forma imediata.
Segundo o CNE (Conselho Nacional do Esporte, vinculado ao Ministério), pode ser que as 12 mensalidades sejam condensadas em menos parcelas. O COB não tem relação com o Programa Bolsa-Atleta, de responsabilidade do Ministério, mas acompanha de perto as confederações e os atletas do país.
Leia abaixo o comunicado do COB sobre o apoio dado aos atletas:
Em anos pré-Jogos e de Jogos Pan-americanos e Sul-americanos, o Comitê Olímpico Brasileiro apoia efetivamente as confederações através de destinação de recursos do fundo de reserva da Lei Agnelo/Piva para ações como: treinamento de equipes, contratação de técnicos estrangeiros, viagens de intercâmbio, participação em competições internacionais, aquisição de equipamentos e materiais esportivos e períodos de aclimatação das delegações, entre outras.
Para Guadalajara, essas modalidades tiveram apoio em 2010 e 2011 para se classificarem e terem boa participação nos Jogos. O objetivo principal do Comitê Olímpico para os Jogos Pan-americanos Guadalajara-11 é classificar o maior número possível de atletas para os Jogos Olímpicos Londres 2012. Estamos cientes da dificuldade de manter o mesmo número de medalha dos Jogos Pan-americanos Rio 2007.
Os Jogos em casa são historicamente os melhores dos países anfitriões, onde fatores importantes fazem a diferença, como: tamanho da delegação, conhecimento dos locais de competição, apoio da torcida, familiares, suporte de patrocinadores, não necessidade de aclimatação, alimentação habitual, sem fuso, sem viagem, etc.
O COB está trabalhando para obter o melhor resultado possível.
Fonte: site terra/esportes
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