São Caetano do Sul,

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ana Karina Marques Valentim Alves: única brasileira no Mundial Feminino Sub-20 no Japão


Fotos: anaf.com
Ana Karina Marques Valentim Alves, de Pernambuco, é a única brasileira convocada a participar do Mundial Feminino Sub-20, que acontecerá no Japão, de 19/08 a 08/09/2012.
A ex-professora de biologia é árbitra de futebol há 10 anos. Fugindo do preconceito, ela decidiu fazer um curso de formação em arbitragem em 2002. Foi a única mulher da turma, que, para surpresa de muitos, não gostava e não entendia nada de futebol.
- Tive que lutar muito para perder a timidez na vida profissional. Ou eu perdia a timidez ou não ia dar certo – revela Ana Karina.
Por incentivo de um amigo de infância e do irmão, Ana Karina decidiu tentar a sorte. “Eu esperava muito do curso e acabei me identificando, por isso decidi investir nessa carreira”, conta. Dos colegas de curso e também de profissão vêm elogios e incentivo. Determinação também não faltou para a árbitra que, atualmente, integra o quadro de arbitragem da Fifa.
Em campo, ela aprendeu a lidar com jogadores e a torcida. “Os torcedores têm uma maneira diferente de torcer, uns elogiam e outros atacam e a gente se acostuma”, brinca a profissional. De fato, a função de juiz não é moleza. “Não é uma profissão fácil para um homem, imagine para uma mulher?”, frisa ela, que deixa a bola correr e dá cartão vermelho para o preconceito.

O portal Leia Já, destacou o perfil de Ana Karina, no especial “Mulher – Elas fazem a diferença”.
Falta, impedimento, escanteio, pênalti e tiro de meta. Esses termos, entre outros do mundo futebolístico, passaram a fazer parte da vida de Ana Karina Marques, nos últimos dez anos. A árbitra de 32 anos, que atualmente apita o Campeonato Pernambucano, deixa de lado a timidez e a delicadeza e assume uma postura firme durante os 90 minutos de jogo – fora os acréscimos. Além do uniforme, apito e cartões amarelo e vermelho, ela não dispensa o batom e o lápis de olho antes de entrar em campo. Se pudesse, continuaria a usar brincos, mas os itens foram proibidos dentro das quatro linhas.
Todo jogador ou jogadora de futebol sonha em participar de uma Copa do Mundo. O mundial também é o alvo da juíza, que integra o quadro da Fédération Internationale de Football Association (Fifa). Antes disso, o próximo passo é apitar jogos dos campeonatos nacionais. Do desafio, ela não tem medo. Dá um cartão vermelho para o preconceito e segue mostrando ritmo e segurança na profissão que não é lá muito adorada pelos torcedores. Fora de campo, ela revela que os jogadores mantêm o mesmo respeito que o demonstrado durante o jogo. “Nunca levei nenhuma cantada. Devido a minha postura em campo, eles têm respeito”.
Você sempre gostou de futebol?
Na verdade, eu não acompanhava os campeonatos. Só via os jogos da Seleção Brasileira. Mas não tinha noção das regras. Falta, impedimento… Não fazia ideia da diferença de cada um. Diferente do que as pessoas pensam, eu nunca joguei futebol. Já joguei vôlei, mas futebol, nunca.
E como e por que você se tornou árbitra?
Tudo começou quando um colega de infância convidou a mim e ao meu irmão para fazer o curso. Resolvi arriscar e comecei o curso. Ao poucos, fui gostando e sempre recebia incentivo dos colegas de turma. Minha família também sempre me apoiou, inclusive meu irmão, que fez todo o curso, mas hoje não apita mais. De início, eu queria ser assistente, mas a demanda por juíza principal era grande, porque havia apenas duas – Maria Edilene e Andrea Amorim – e a Edilene estava se aposentando.
Como foi a sua estréia?
Foi uma roubada [risos]. O primeiro jogo foi em um campeonato amador na Iputinga. Foi uma prova de fogo. Um grupo de árbitros foi escalado para apitar o campeonato. Eu era a única mulher. Durante a partida, o jogador, puxou meu cabelo. Eu o expulsei e tive que me impor. Depois desse dia, fiquei pensando: “Isso não é para mim. Não vou apitar mais”. Minha família me ajudou a seguir em frente e hoje estou mais acostumada. Hoje, vejo que o campeonato amador me ensinou muito. É relativamente mais fácil apitar um jogo oficial, que há seguranças para agir quando for necessário. Nos jogos de várzea, isso não existe. Os jogos de várzea me deram coragem e ritmo.
O juiz não é muito admirado pela torcida, que geralmente pega no pé e xinga antes mesmo do início da partida. Como você lida com isso?
Eu já me acostumei. Futebol é assim mesmo. Um pode sair satisfeito e outro não. Entramos em campo querendo fazer o melhor. Nem sempre, todo mundo sai satisfeito. Da torcida recebo até elogios. Acho os torcedores criativos. Às vezes, fico rindo das coisas que os torcedores fazem. A resistência diante de uma árbitra tem diminuído, mas acredito que a imprensa e os torcedores se apegam demais aos erros. Quando acerta, não fez mais que a obrigação. Quando erra, as críticas são grandes. E se o erro for de uma mulher, a repercussão é maior.
Fora de campo, quem é Ana Karina Marques?
Eu sou uma mulher tímida [risos]. Tive que lutar muito para perder a timidez na vida profissional. Ou eu perdia a timidez ou não ia dar certo. Eu me sentia estranha, parecia outra pessoa. Mas me acostumei. Também não abro mão da minha vaidade. Hoje, consegui um uniforme um pouco mais feminino e uso sempre batom e lápis.
Fonte: www.anaf.com.br

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