São Caetano do Sul,

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Bicampeãs admitem lesões e cogitam descanso da Seleção em 2013


O bicampeonato olímpico mostrou um admirável sentimento de superação, mas o futuro da Seleção Brasileira feminina de vôlei deve ser tratado com carinho, principalmente visando o Mundial de 2014 e a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Algumas das jogadoras mais antigas do grupo reconhecem a necessidade de uma fase de descanso da equipe nos próximos meses para tratar lesões e superar o desgaste psicológico das últimas temporadas
"Eu sei que preciso de descanso, e isso será conversado", confessa a central Thaísa. "Vou falar por mim, eu preciso dar uma parada, sim", emenda a outra central da Seleção, Fabiana, capitã do elenco comandado pelo técnico José Roberto Guimarães, que concorda como uma boa alternativa até sacrificar o Grand Prix de 2013 para a recuperação das titulares.
O caso mais emblemático curiosamente é o da mais jovem entre aquelas que estavam no grupo de 2008 e ganharam agora o segundo título olímpico: Thaísa. Questionada pela reportagem sobre o desgaste, a jogadora, que completou apenas 25 anos no mês de maio, citou três contusões que foram incômodos obstáculos durante a sua participação em Londres e devem ser analisadas com cuidado para o futuro.
"Eu tenho uma bursite no calcanhar, tendinite nos dois joelhos e desgaste no quadril. Essa última é a mesma coisa que o Guga (tenista Gustavo Kuerten) sofreu durante a carreira, mas em menor escala", disse a atleta, que optou pelo mistério sobre a gravidade das lesões. "Agora vou consultar meu médico e fisioterapeuta para analisar", completou.
Em busca do sucesso olímpico, Thaísa não mediu esforços para superar a dor e também partiu para o consumo de anti-flamatórios, alternativa que proporciona outras consequências desagradáveis. "Você toma remédio, mas também não é legal para o estômago", destacou.
A oposto Sheilla, 29 anos, começou a fazer a diferença para a Seleção Brasileira no mata-mata em Londres ao brilhar principalmente nos pontos decisivos. Ao mesmo tempo, também passou a conviver com dores desde o jogo contra a Rússia. "Meu joelho estava gritando no fim da Olimpíada, o problema é que temos duas semanas para zerar e retomar a atividade com nossos clubes. A nossa rotina é assim, duas semanas de folga a cada 365 dias", aponta o novo reforço da equipe de Osasco.
Na questão física, a central Fabiana é a bicampeã olímpica que menos preocupa. A idade da atleta está longe de ser um obstáculo para o próximo ciclo - completou 27 anos em janeiro - e as dores no trapézio (músculo na região do pescoço) também são administráveis. "Eu faço relaxamento e massagem no local", explica.
A maior preocupação de Fabiana está com o desgaste mental em função das seguidas decisões. A jogadora acumula obrigações em clubes e na Seleção Brasileira desde 2000 - na última temporada, viveu o estresse de atuar no exterior, ao defender o Fenerbahce, da Turquia.
"Estou nesse ritmo direto desde 2000, passei por isso até na Seleção de base, então preciso parar, por alguns meses. A gente sempre emenda, joga no clube, depois vai para a Seleção. Isso para a minha cabeça está começando a atrapalhar", destaca a jogadora, reforço do Sesi-SP para a temporada 2012/2013 da Superliga.
Antes de Thaísa, Sheilla e Fabiana, a ponteira Paula Pequeno levantou ao fim da Olimpíada o assunto sobre o afastamento da Seleção Brasileira. Só que a jogadora, 30 anos, foi enfática ao cogitar a aposentadoria, já que sente a necessidade de dar mais atenção para a família, sobretudo para a filha.
Até o técnico José Roberto Guimarães deixou em dúvida a sua permanência na Seleção feminina de vôlei e pretende dar uma resposta em um mês para a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). O desgaste também alcança o comando da equipe. Se ficar, o treinador prevê a necessidade de um esforço ainda maior no ciclo até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
"Todas terão de treinar mais, se sacrificar mais, então precisamos fechar com aquelas que estão dispostas. Essa equipe vai carregar o peso de ser bicampeã olímpica e vai se preparar para uma competição no Brasil, as críticas vão existir", avisa o treinador, único esportista no País com três medalhas nos Jogos.
Foto: Adriano Lima/Terra
Fonte:www.terra.com.br

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